Publicado: 12.12.2014
Publicado: 12/12/2014
A escsiana Catarina Fernandes Martins recebeu o Prémio Gazeta Revelação 2013, atribuído pelo Clube de Jornalistas, no passado dia 27 de novembro.
Catarina Fernandes Martins licenciou-se em Jornalismo na ESCS e fez o curso de Digital Multimedia Storytelling na Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Atualmente jornalista do Observador, foi no PÚBLICO, onde estagiou, que escreveu o texto "O homem que matou um homem e encontrou Saramago na prisão", vencedor do Prémio Gazeta Revelação 2013.
[Fotografia] Simão Martins Barata, condenado a oito anos de cadeia, serviu de inspiração a Catarina.
Trabalho e reconhecimento
A notícia chegou já no dia 10 de julho, pela voz de Mário Zambujal. Catarina reagiu desligando-lhe o telefone na cara. "Fiquei muito atrapalhada, sem saber o que fazer", explica, envergonhada. Na verdade, Catarina nunca pensara sequer conseguir publicar a história de Simão, que a acompanhava há vários anos. "Quem quereria saber de um homem ex-presidiário e desempregado que descobriu nas palavras de Saramago uma forma literária de ver o mundo e que, no fundo, o afastava da realidade a que esteve confinado durante oito anos, depois de matar acidentalmente um homem?". Acabou por descobrir que estava enganada quando conquistou espaço para "O homem que matou um homem e encontrou Saramago na prisão" nas páginas da Revista 2 (na versão online, o complemento vídeo é assinado pela também escsiana Vera Moutinho). "As reações de alguns leitores deixaram-me muito contente porque me mostraram que há espaço para contar histórias que estão além das notícias, mas que tocam o público porque lidam com valores que são de todos e que nos aproximam das personagens. É esse tipo de jornalismo que quero fazer."
[Fotografia] No dia 27 de novembro, a jornalista do Observador recebeu o Prémio Gazeta Revelação referente a 2013.
Da ESCS aos Prémios Gazeta
Os Prémios Gazeta distinguem anualmente os melhores trabalhos nas várias vertentes do jornalismo. Entre mais de uma centena de submissões, o júri da última edição premiou também Ana Leal, docente na ESCS e jornalista da TVI, com o Prémio Gazeta de Televisão pela reportagem "Verdade Inconveniente". Passado o incidente com o telefonema de Mário Zambujal, Catarina digeriu devidamente a sua distinção na categoria Revelação. "Agora sou jornalista reconhecida como tal pelos pares. E isto é extremamente importante para mim porque quero ser jornalista desde que me lembro. Receber este prémio foi confirmarem-me que esta loucura e esta paixão que tenho pelo jornalismo se calhar tem alguma razão de ser. Se calhar vale a pena continuar". E, por continuar, entenda-se igualmente lutar pelo que crê ser justo para si e para os seus colegas. Depois de ganhar o prémio, Catarina pediu à Comissão da Carteira que levantasse a proibição, anunciada no último verão, de os jornais publicarem textos assinados por estagiários em estágios curriculares. "Tive a certeza de que se tivesse sido assim em setembro de 2012 – quando iniciei o estágio no PÚBLICO – não teria mostrado aos editores que conseguiria fazer certos trabalhos". Segura das suas convicções, a jornalista lança ainda um apelo aos professores de Jornalismo da ESCS para "que se empenhem nesta causa", até porque a ESCS "foi e será sempre" a sua escola. Depois de alguns conselhos e de ver histórias de antigos alunos que estavam a fazer as coisas que sempre quis fazer – "e que ganharam prémios e reconhecimento por isso" –, Catarina teve a certeza de que queria ser escsiana e diz nunca se ter arrependido dessa escolha. "A ESCS é a minha base", conclui.
Fotografias gentilmente cedidas por Catarina Fernandes Martins.