Publicado: 28.09.2018
PERFIL JORN: Rúben Tiago Pereira
Um canal de YouTube impulsionou o gosto de Rúben Tiago Pereira pelo Jornalismo, área na qual decidiu enveredar, no Ensino Superior. O escsiano é, atualmente, jornalista no grupo Impresa.
Aos 18 anos, Rúben Tiago Pereira criou o ruben tiago qualquer coisa, o canal de YouTube que viria a ditar o seu ingresso na ESCS, no curso de Jornalismo. Na Escola, aproveitou as atividades extracurriculares para ter contacto com as outras áreas de estudo da Comunicação. Quando terminou a licenciatura, fez um desvio, no seu percurso profissional, pela área do Marketing. Mas, entretanto, regressou ao Jornalismo, no grupo Impresa.
Do YouTube para a ESCS
Após terminar o curso de Ciências e Tecnologias, no Ensino Secundário, Rúben ingressou em Engenharia de Som, na Escola Superior de Música de Lisboa, curso que abandonou após o primeiro semestre, por não se identificar com o mesmo. Até iniciar o ano letivo seguinte, fez “tudo e mais alguma coisa”, desde artes marciais à política, passando por um canal no YouTube. “Foi, talvez, o que me lançou para a área da Comunicação, porque comecei a perceber que gostava muito de tudo o que estava envolvido: pesquisar, escrever, gravar, aparecer, editar”, explica.
Em 2013, entrou para o curso de licenciatura em Jornalismo. “O curso é fixe, está bem estruturado e, desde que eu saí da ESCS, tenho percebido que a malta que vem de lá está melhor preparada que a das outras instituições”, defende.
A importância das extracurriculares
No decorrer da licenciatura, Rúben tirou, também, partido do que os núcleos extracurriculares ofereciam. O antigo estudante considera que esta participação tornou o seu curso “super valioso”, na medida em que sente que teve a oportunidade de passar por todas as áreas de estudo da Comunicação.
Na ESCS FM, foi Diretor de Informação. “Foi um semestre em que a rádio esteve sempre a bombar. Não faltaram noticiários num único dia, a equipa estava sempre alinhada e havia coisas novas a acontecer”, recorda.
Por seu lado, no E2, entrou por convite da então produtora Susana Raposo que sabia que Rúben tinha um canal no YouTube. “Chamei a [colega] Diana Duarte, que era uma grande amiga, e, daí, saiu o Intra Vista”, conta o escsiano, que, devido a responsabilidades profissionais, não teve oportunidade de apresentar o programa, como estava definido inicialmente, ficando encarregue da produção. “Chegámos a fazer entrevistas com malta da pesada, tipo o Rui Sinel de Cordes”, lembra.
Já na escstunis, esteve cerca de um ano, durante o qual foi tenor e tocou guitarra. “Acolheram-me muito bem, mas [a tuna] ocupava imenso tempo e eu acabei por me focar mais na parte profissional e na Escola”, refere o antigo estudante. Por curiosidade, revela que viveu “numa casa cheia de membros da escstunis” durante praticamente os três anos de licenciatura.
Vencer um Prémio Dignitas
No seu ano de finalista, em conjunto com um grupo de colegas, Rúben venceu um Prémio Dignitas, na categoria de Jornalismo Universitário. O jovem considera que esta vitória foi “o afirmar de tudo aquilo que [estavam] a fazer na ESCS” e “quase uma garantia” de como os então estudantes seriam bem-sucedidos nas suas carreiras.
A reportagem vencedora do prémio, “A genética do amor”, foi realizada no âmbito da disciplina de Ateliê de Jornalismo Televisivo II (do plano de estudos antigo), lecionada pela docente e jornalista Ana Leal. O escsiano explica que o trabalho aborda a temática da Síndrome de Down, tentando decifrar “até onde é que uma criança com a doença pode chegar, consoante a sua classe económica e a sua idade”, através dos casos reais de três pessoas.
O percurso até ao Jornalismo
Ainda antes de terminar o curso, Rúben começou o seu percurso profissional, em 2014, no Canal Q, num formato de comédia semelhante aos vídeos que realizava para o seu canal do YouTube. O antigo estudante era o responsável pelas suas próprias rubricas: Incrível Consciente, sobre a atualidade, e Línguas de perguntador, um vox-pop. Foi durante esta experiência que Rúben percebeu que não queria ser comediante, mas sim jornalista. “Agora, eu sei que o meu objetivo é informar as pessoas”, explica.
Em 2016, após concluir a licenciatura, o escsiano foi convidado pelo CEO da Thumb Media, a única agregadora de canais do YouTube certificada pela plataforma, a integrar a equipa como gestor de conteúdo e da comunidade. Sete meses depois, os contactos que fez na empresa levaram-no até à Gold Nutrition, para trabalhar na mesma área, mas “não era bem aquilo que queria”.
Após um mês, surge o Smack, uma publicação digital, com vídeos sobre a atualidade, do grupo Impresa, que dita o regresso do escsiano ao Jornalismo.
Jornalismo digital
No grupo Impresa, Rúben é jornalista multimédia, trabalhando, essencialmente, conteúdos para os social media. “Nós fazemos tudo, é isso o jornalismo digital. Trabalhamos desde a ideia e pesquisa até à gravação e edição”, refere o escsiano, exemplificando com o caso da reportagem “Entre a Vida e a Europa”, sobre os refugiados do navio Lifeline que foram acolhidos em Portugal. O antigo estudante foi o responsável por este trabalho, que partiu de uma ideia sua, desde a produção à emissão. A reportagem foi mencionada no Jornal da SIC, que direcionou o público para o conteúdo completo, que estava disponível na internet, e é, desde que foi publicada há cerca de um mês, o sétimo vídeo mais visto do Facebook da SIC Notícias. “É uma mudança de paradigma engraçada”, considera.
O jovem explica que o grupo Impresa está a passar por diversas transformações, ao nível do digital, e que está a apostar nos “novos jornalistas” para essa função. Os recém-formados profissionais da comunicação social passam por todas as publicações do grupo para perceberem como funciona a empresa.
Atualmente, o escsiano está envolvido numa “reportagem megalómana”, para a SIC, sobre o futuro da energia em Portugal. “Vamos andar de universidade em universidade a tentar perceber o que é que está a ser feito, em termos de investigação, nessa área”, desvenda.
O Cãocentrado
Paralelamente à sua atividade laboral, Rúben produz e realiza os vídeos d’O Cãocentrado, um projeto que aborda questões relacionadas com o comportamento canino, dando dicas de educação e lifestyle. O formato é conduzido pela sua namorada, Juliana Silva, veterinária especializada nesta área. Semanalmente, é lançado um novo vídeo no Facebook e no YouTube. “Estou a tentar que tenham muita qualidade”, confessa o antigo estudante.
A formação na ESCS
“Aquilo que eu sou hoje em dia devo em grande parte à ESCS”, defende Rúben, destacando o trabalho dos docentes que o acompanharam ao longo da licenciatura e que contribuíram para a sua formação. De referir que, após entrar para a equipa do grupo Impresa, o antigo estudante viu a sua reportagem “O que é cinema”, realizada, durante a licenciatura, para a unidade curricular de Cultura e Media, publicada no Smack.
O escsiano conclui, defendendo que “os grandes órgãos de comunicação social estão em Lisboa, por isso, esta é a cidade e a ESCS é a Escola onde tu queres estudar Jornalismo”.
Por fim, desafiámos Rúben Tiago Pereira a responder a uma espécie de Questionário de Proust:
Um objeto essencial para o teu dia-a-dia.
Telemóvel. Sem telemóvel, não trabalho.
Uma música ou uma banda.
Sejam ecléticos. Eu ouço tanta música, que não consigo responder a essa questão.
Um filme ou um realizador.
Gosto muito do Stanley Kubrick e do Wes Anderson.
Um livro ou um escritor.
Estou, agora, a ler A Improbabilidade da Comunicação, de Niklas Luhmann, que faz parte das referências bibliográficas do curso de Jornalismo e está a marcar muito a minha perspetiva em relação à comunicação, neste momento.
Uma série.
House of Cards.
Um programa de televisão.
Os programas do Gato Fedorento. Acho que falta mais humor na televisão.
Um conteúdo da web.
Os vídeos da Vox e Kurzgesagt - In a Nutshell. E o Cãocentrado, para puxar a brasa à minha sardinha.
Papel ou digital.
Digital.
Redação ou exterior.
Ambos.
Quando for grande, quero ser.
CEO do meu próprio órgão de comunicação social.
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