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Publicado: 03.10.2023

Este Perfil (texto e fotografias) foi realizado pelas estudantes Júlia Cardoso e Maria Ana do Carmo, no ano letivo 2022/2023, no âmbito da unidade curricular de Laboratório de Jornalismo II, do 1.º ano do curso de Licenciatura em Jornalismo.

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Header Diogo Ventura (JORN)

Diogo Ventura cresceu em Santiago do Cacém, na costa alentejana, mas mudou-se para Lisboa para estudar Jornalismo, na ESCS. Assumidamente curioso, descobriu a paixão pela fotografia, com apenas 15 anos, e depressa percebeu como aliar a formação superior ao interesse pela comunicação visual. Atualmente, é jornalista multimédia no Observador.

Por gostar de perguntar e de descobrir, Diogo Ventura caracteriza-se como sendo uma pessoa curiosa. "Às vezes, sou um bocado chato, por perguntar demasiado”, diz, em tom de brincadeira. De forma um tanto antagónica, admite ser impaciente e, ao mesmo tempo, perfecionista, o que se torna contraproducente, uma vez que, para atingir a perfeição que deseja, é necessário tempo.

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Diogo Ventura
Diogo Ventura é licenciado em Jornalismo.


O gosto pela fotografia surgiu por forças do acaso, aos 15 anos. “No meio da minha adolescência, comecei a fotografar, porque o meu grupo de amigos de infância fazia parkour, prática [desportiva] que não me interessava. Então, decidi que os podia ajudar a fazer os vídeos. Peguei, muito cuidadosamente, na câmara que pedi emprestada ao meu pai, prometendo que não a ia estragar. Foi aí que comecei a ganhar o bichinho”, conta.

Na casa de Diogo Ventura, a leitura de alguns títulos de imprensa era um hábito que não podia faltar. O jovem recorda estar rodeado de jornais e revistas que o pai lia, como a Visão e o A Bola, publicações que folheava e cujas imagens lhe captavam a atenção. No final do Ensino Secundário, já sabia que queria estudar Jornalismo na ESCS. "Às vezes, quando vinha com os meus pais a Lisboa, passávamos pela 2.ª Circular. Via o edifício e pensava: ‘Escola Superior de Comunicação Social, isto deve ter jornalismo’. De todas a vezes que aqui passávamos, dizia aos meus pais ‘eu quero estudar aqui’”, mostrando, desde sempre, que a ESCS era a sua escolha.

Apesar de ter noção de que a escrita é a base do jornalismo, Diogo Ventura sempre soube que, em vez da palavra, a linguagem visual seria o meio através do qual queria transmitir informação.

Memórias de estudante

Diogo entrou na ESCS em 2017. Uma das unidades curriculares (UC) que destaca é Ateliê de Jornalismo Multiplataforma, não só pela componente prática como também pelo conhecimento transmitido pelos três professores: Vera Moutinho, Rui Coutinho e Francisco Sena Santos. Sentiu que foi nessa disciplina que cresceu. Por dispor de tempo, os trabalhos foram aprofundados com pesquisas, entrevistas e recolha de várias imagens: "O nosso curso incentiva-nos a isso, a pôr a mão na massa e a fazer as coisas, graças às muitas UC práticas que temos". Outras disciplinas que considera essenciais ao curso são as lecionadas pelo professor Jorge Trindade – Técnicas de Expressão do Português e Língua e Expressão do Português –, uma vez que acredita serem a base do trabalho do jornalista.

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Diogo Ventura
Enquanto frequentava o curso de Jornalismo, Diogo fez parte de várias atividades extracurriculares.


No 1.º ano da licenciatura, integrou a equipa do número f e acabou por pertencer à direção-geral do núcleo de fotografia. Ainda dentro das atividades extracurriculares proporcionadas pela Escola, frequentou também o jornal 8.ª Colina, entretanto extinto, mas que considerava ser uma atividade fundamental para o curso de Jornalismo. Durante o percurso nesse núcleo, o jovem jornalista chegou a coordenar o departamento de fotografia. Além disso, fez parte da rádio online ESCS FM, como locutor de alguns programas. Diogo Ventura considera que “a diversidade de atividades extracurriculares é também um bom apoio à aprendizagem, não só devido às dicas e ajudas dadas pelos alunos mais velhos como também permite um maior contacto com o mundo laboral”.

Vida profissional

No 2.º ano da licenciatura, Diogo estagiou durante três meses no Observador, na editoria de Fotografia. O primeiro dia de estágio acabou por ser uma surpresa e revelador da imprevisibilidade do jornalismo: “Foi um dia completamente normal, até por volta das três da tarde. Estávamos naquela parte mais burocrática do primeiro dia e, de repente, cai uma estrada em Borba, perto de uma pedreira. Ao ver as imagens, o meu diretor disse a alguns colegas que tinham de ir para lá. Antes de saírem, perguntaram-me se queria ir e, obviamente, aceitei, pois não é todas as vezes que isso acontece no primeiro dia de estágio. Saímos apenas com o computador e a roupa que tínhamos no corpo. Pensámos que iria ser breve, mas acabámos por ficar lá três dias”.

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Diogo Ventura
O escsiano estagiou no Observador e no jornal Público, antes de assinar contrato com o primeiro órgão de comunicação que o acolheu.


Após o estágio, ficou a colaborar como freelancer no Observador. Com a conclusão da licenciatura, estagiou no jornal Público, também na editoria de Fotografia e, ao fim de três meses, regressou ao Observador, no qual permanece até aos dias de hoje, na equipa de Multimédia. É autor de várias entrevistas e reportagens em vídeo. O seu dia a dia normal consiste na gravação e posterior edição de temas ou acontecimentos com interesse jornalístico. Ainda assim, em dias tranquilos e com pouco a acontecer, Diogo dedica-se a pesquisar para encontrar temas para futuras reportagens e, como é próprio do jornalismo, mantém o contacto com fontes: “Não conseguimos inventar trabalho, mas há sempre alguma coisa para fazer”.

Documentar o regresso à Ucrânia

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Diogo Ventura
Diogo com a equipa do documentário "O Regresso".

Enquanto estudante, o jornalista multimédia foi vencedor (ex-aequo) da categoria Jovem do Concurso Nacional de Fotografia ANACOM, concedido pela revista Visão e ANACOM, com uma fotografia captada durante a manifestação em Paris dos coletes amarelos, em dezembro de 2018.

Ao longo da ainda curta carreira, Diogo Ventura destaca um trabalho que o marcou a nível pessoal e profissional. Elaborado em junho de 2022, juntamente com duas colegas, Diogo Ventura acompanhou uma família ucraniana, mãe e filho, no regresso a casa, após dois meses refugiados em Portugal. Realizado em coautoria com Catarina Santos e com grafismo de Ana Moreira, O Regresso tem merecido muitos elogios no meio profissional. O antigo aluno da ESCS destaca esse documentário, não só porque desde sempre teve o sonho de trabalhar em cenário de guerra, como também ensinou ao seu lado mais impaciente que a perfeição leva o seu tempo.

Errar até aprender

Em constante contacto com outros colegas em ambiente profissional, provenientes de outras instituições de Ensino Superior, Diogo Ventura percebe que a componente prática dos cursos é uma mais-valia para o desenvolvimento pessoal e profissional dos estudantes, pelo que considera um fator de distinção entre os alunos provenientes da ESCS e os das restantes instituições: “Conseguimos estar num patamar acima, em comparação com as pessoas que não estudaram na ESCS. Esta Escola não forma só jornalistas-redatores, mas profissionais capazes em todos os ramos, gostos e feitios”.

A nível pessoal, o que o moldou na ESCS foram as pessoas. O jornalista do Observador recorda com gratidão os professores que o auxiliaram durante as aulas, enquanto ele estagiava no decorrer do curso. Desde os docentes aos funcionários, e até aos alunos mais velhos, a amabilidade e a disponibilidade de entreajuda foi, para Diogo, fundamental na sua formação. “Os conhecimentos ficam intrínsecos em nós”, refere.

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Diogo Ventura
O antigo estudante destaca a componente prática da ESCS como um fator de distinção, em comparação com outras instituições de Ensino Superior.


Diogo Ventura não hesita recomendar a ESCS e o curso de Jornalismo a todos aqueles que desejam ingressar nessa área. “A ESCS dá-nos a oportunidade de errar”, afirma, em sentido elogioso. E acrescenta: “Tenho muitas boas memórias da ESCS”. Contudo, o aparecimento da pandemia no último semestre [do curso] veio conturbar a máxima felicidade de um recém-licenciado, uma vez que a Bênção das Fitas, sendo um momento especial, não aconteceu na sua normalidade. Além disso, Diogo recorda com apreço a felicidade que sentiu ao perceber que estava no sítio certo: “Dizia que queria estudar aqui e agora estou aqui. Foi o primeiro passo para o resto”, afirma.  

Por fim, desafiámos Diogo Ventura a responder a uma espécie de Questionário de Proust:

Um objeto essencial para o teu dia a dia.
Câmara fotográfica.

Uma cidade ou um país.
Barcelona.

Uma música ou uma banda.
De momento, B Fachada.

Um filme ou um realizador.
Inglourious Basterds, de Quentin Tarantino.

Um livro ou um escritor.
Mário Zambujal.

Uma série.
Better Call Saul.

Uma referência profissional.
The New York Times.

Quando for grande quero ser.
Mais paciente.


No vídeo abaixo, Diogo Ventura fala sobre as mais-valias de ter estudado na ESCS e como a formação académica contribuiu para o seu percurso:


Este Perfil (texto e fotografias) foi realizado pelas estudantes Júlia Cardoso e Maria Ana do Carmo, no ano letivo 2022/2023, no âmbito da unidade curricular de Laboratório de Jornalismo II, do 1.º ano do curso de Licenciatura em Jornalismo.
Fotografias dos separadores "Memórias de estudante" e "Documentar o regresso à Ucrânia" gentilmente cedidas por Diogo Ventura.