Publicado: 28.11.2023
Este Perfil (texto e fotografias) foi realizado pelos estudantes Duarte Ferreira e Inês Pascoalinho, no ano letivo 2022/2023, no âmbito da unidade curricular de Laboratório de Jornalismo II, do 1.º ano do curso de Licenciatura em Jornalismo.
Margarida Alpuim pretendia expandir os horizontes e foi na licenciatura em Jornalismo que encontrou o universo que procurava. Atualmente, articula a psicologia e o jornalismo num projeto além-fronteiras.
Margarida Alpuim já tinha 33 anos quando ingressou na ESCS. Depois de se licenciar em Psicologia, considerou que o curso de Jornalismo completaria o percurso académico. Até 2015, Margarida trabalhava na área da psicologia comunitária, no entanto, sentia que lhe faltava uma visão do mundo mais informativa. Nesse mesmo ano, decidiu voltar a candidatar-se ao Ensino Superior. Atualmente, é jornalista freelancer, tendo já trabalhado com organizações como a MadreMedia e estagiado na Renascença.
Ao longo do percurso profissional, Margarida Alpuim foi já distinguida, em 2020, com uma menção honrosa no Prémio de Jornalismo Os Direitos da Criança em Notícia. A reportagem premiada, “Era uma vez na Casa Acreditar”, aborda o tema do cancro pediátrico, bem como todas as dificuldades que a doença representa para as famílias do paciente. A peça mostra, ainda, como a associação Acreditar, de Lisboa, presta apoio às famílias de crianças que precisam de fazer tratamentos oncológicos na capital.
Uma aluna fora do comum
Liberdade é o valor principal para Margarida Alpuim. Desde sempre que tende a não viver agarrada àquilo que é linear, perseguindo o caminho que sente que faça sentido para si. No verão de 2015, com a ajuda de colegas e amigos que tinham boas referências da ESCS, decidiu candidatar-se à sua segunda licenciatura por diversão. “Era psicóloga comunitária e trabalhava nessa área. Como gosto muito de estudar e aprender coisas novas, estava a sentir falta de conhecer e expandir a minha maneira de olhar para o mundo – não ser só com a lente da psicologia – e achei que o jornalismo me ia enriquecer muito. Vim só para assistir a umas aulas for fun, só que depois comecei a gostar muito do curso”, explica.
Margarida destaca que a psicologia é mais virada para os processos e as relações, enquanto o jornalismo para os factos e a informação, a segunda componente que lhe faltava e que a levou a interessar-se pelo curso: “Achei que o jornalismo me podia dar essa visão, esse conhecimento”.
A entrada no jornalismo
Assim que terminou a segunda licenciatura, começou a trabalhar na área. “Não me via como ‘jornalista-jornalista’, seja o que for que isso é. Então, não queria ir para uma redação, mas acabei por fazê-lo, para perceber como é o dia-a-dia do jornalismo, e fiquei lá até ao fim de 2021”, conta. Desde o final desse ano que Margarida continua a trabalhar na área, mas agora como jornalista freelancer.
Atualmente, participa num projeto em colaboração com o Bonn Institute, na Alemanha, onde interliga as duas áreas em que se formou. Neste projeto, são criados artigos sobre conceitos psicológicos que explicam como é que estes fenómenos podem afetar um jornalista, enquanto pessoa e profissional. “O principal objetivo é deixar pistas e ferramentas de trabalho que o jornalista possa usar para minimizar efeitos mais negativos de fenómenos como processos automáticos da nossa consciência”, afirma.
Da teoria à prática
Das aulas teóricas, Margarida absorveu vários conceitos e ensinamentos que a acompanham até hoje e que a ajudam a ligar a informação. Das aulas práticas, recorda-se especialmente de entrevistar o antigo deputado do PSD, José Pacheco Pereira, na unidade curricular de Laboratório de Jornalismo, referindo que foi graças à ESCS que pôde entrevistar personalidades conhecidas da vida pública.
A escsiana confessa que uma importante mais-valia foi a boa relação que estabeleceu com os docentes, fazendo referência às aulas do Prof. Francisco Sena Santos. Na atualidade, diz manter maior contacto com os docentes do que com os colegas.
No antigo 8.ª Colina, jornal entretanto extinto, Margarida escreveu alguns artigos e ajudou a equipa a distribuir temas para os alunos colaboradores, salientando que tentou “acordar” o núcleo durante o seu percurso na ESCS.
Dia-a-dia enquanto jornalista freelancer
Enquanto jornalista freelancer, o seu quotidiano não é rotineiro. Entre o projeto que tem em colaboração com o Bonn Institut e a revisão de texto, Margarida Alpuim organiza-se semanalmente: define que tarefas pretende que estejam concluídas até ao final da semana e, com o tempo que sobra, estuda como é que as áreas da psicologia e do jornalismo se podem conciliar. “Os meus dias não têm uma estrutura, vejo como é melhor para mim. Mas uma coisa que me traz muita qualidade de vida é a possibilidade de organizar os meus dias como quero. Posso dedicar-me ao que quiser e, sem pressão, estar disponível para a família sempre que é preciso. Quando estamos numa redação a tempo inteiro, não há essa flexibilidade”, descreve.
Contributo da ESCS
“Há coisas a que não teria acesso se não tivesse passado pela ESCS”, garante. A escsiana refere que muitas das ligações profissionais que tem atualmente se devem, em parte, à passagem pela instituição, bem como ao facto de manter contacto com alguns professores. Olhando para trás, a antiga estudante considera que a Escola a enriqueceu como pessoa e profissional. “Para mim, o curso de Jornalismo deu-me uma visão do mundo mais rica, que também ajuda a ler melhor as pessoas e a informação, mais cores, mais ligação humana.”
Margarida Alpuim aconselha a ESCS a futuros candidatos ao Ensino Superior, especialmente pelos núcleos da instituição, que, segundo a jornalista, são um espaço de aprendizagem onde não há pressão. “O que é feito não vai ser publicado num grande jornal ou na televisão. Às vezes, uma pessoa até arrisca mais e isso permite que, depois, quando começamos a ter mais filtros, pelo menos, já seja num espetro maior”, advoga. A antiga aluna considera, também, que as aulas práticas a ajudaram bastante quando entrou no mundo do trabalho: “Estagiei durante três meses em que escrevi, fiz reportagens, filmei, fotografei e gravei som sozinha e, como estudei na ESCS, já me sabia desenrascar, não era desconhecido. Sabia pegar no material e ir”.
Por fim, desafiámos Margarida Alpuim a responder a uma espécie de Questionário de Proust:
Um objeto essencial para o teu dia-a-dia.
Telemóvel.
Uma cidade ou um país.
Brasil.
Uma música ou uma banda.
Maria Bethânia.
Um filme ou realizador.
Inglorious Basterds, de Quentin Tarantino.
Um livro ou um escritor.
Mia Couto.
Uma série.
The Office e Ted Lasso.
Referência profissional.
Tenho tantas...
Quando for grande, quero ser.
Aceitar com mais tranquilidade que tudo na vida faz parte do caminho.
No vídeo abaixo, Margarida Alpuim fala sobre as mais-valias de ter estudado na ESCS e como a formação académica contribuiu para o seu percurso:
Este Perfil (texto e fotografias) foi realizado pelos estudantes Duarte Ferreira e Inês Pascoalinho, no ano letivo 2022/2023, no âmbito da unidade curricular de Laboratório de Jornalismo II, do 1.º ano do curso de Licenciatura em Jornalismo.
Fotografias dos separadores "Uma aluna fora do comum" e "Da teoria à prática": Gabcom (Serviço de Comunicação da ESCS)
Vídeo: Gabcom (Serviço de Comunicação da ESCS)