Publicado: 28.04.2025
A Licenciatura em Relações Públicas e Comunicação Empresarial organizou uma aula aberta que pretendeu perceber a relação entre jornalistas e assessores de imprensa.
No passado dia 8 de abril, a Licenciatura em Relações Públicas e Comunicação Empresarial (RPCE) promoveu a aula aberta “Jornalistas e Assessores de Imprensa – Que Relação?”. A iniciativa, organizada pelos estudantes finalistas da unidade curricular de Relação com os Media daquele curso, pretendeu desmistificar a relação entre os profissionais da área da Comunicação com diferentes funções mas cujos caminhos acabam por se cruzar.
O bom tempo que se fazia sentir naquele dia não demoveu a afluência do público, sendo que o resultado foi uma sala repleta de pessoas interessadas em saber mais acerca do mundo do jornalismo.

Num primeiro momento, os convidados falaram sobre a sua experiência como jornalistas. Apesar de partilharem a mesma profissão, nenhum testemunho foi igual ao outro, pois, desde a formação até à área em que atuam, o percurso de todos é singular.
Vítor Norinha, “um dos poucos que não passou por aqui”, como o próprio se descreveu, referindo-se à ESCS, deu a conhecer a realidade do jornalismo nos anos 80. Desde as histórias das viagens que realizou até aos tensos encontros com líderes mundiais, a partilha do jornalista do Vida Económica permitiu traçar uma ideia do quão o jornalismo mudou nos últimos 40 anos.
Ana Carreira, licenciada em Jornalismo pela ESCS, vivenciou a mudança nas relações entre jornalistas e assessores de imprensa. Atualmente, a locutora da M80 assumiu que todos os dias depende destes últimos para chegar aos convidados que pretende levar ao podcast “Zona Verde”.
Outro dos temas abordados na conversa foi a ascensão das redes sociais, que afeta particularmente o jornalismo. Henrique Magalhães Claudino contou que tem uma “relação problemática” com as redes sociais. O jornalista da CNN confidenciou que umas das suas últimas ideias para conteúdo, um bingo eleitoral para as eleições legislativas, não foi bem recebida pelos seguidores. Já Caroline Ribeiro, do Diário de Notícias, afirmou que este jornal tem a noção das potencialidades das plataformas de social media, apostando fortemente na sua presença digital.

A relação dos jornalistas com os assessores de imprensa foi, também, descrita pelos convidados como mútua: uma parte, assessores, que quer veicular um conteúdo que considera ter valor de notícia e outra, jornalistas, que quer ter algo para noticiar.
“A separação dos deveres e das responsabilidades entre jornalistas e assessores é essencial”, afirmou Andreia Custódio, jornalista da RTP, acrescentando que a assessoria pode ser muito útil, especialmente para colaborar com instituições públicas, como o Governo. Noutro sentido, Vítor Norinha defendeu que os assessores de imprensa constituem uma barreira que tornam o contacto com a fonte menos direto, na medida em que está habituado a contactar diretamente com as pessoas que pretende entrevistar.
Na aula aberta, houve, ainda, espaço para abordar o tema da Inteligência Artificial (IA). A opinião geral foi a de que esta tecnologia não substituirá o trabalho de um jornalista, podendo auxiliar a realizar certas tarefas técnicas de forma mais eficiente. Caroline Ribeiro relatou a experiência do uso das ferramentas de IA na redação do Diário de Notícias em tarefas como a transcrição de entrevistas.
No fim da sessão, a plateia viu algumas das suas questões e dúvidas esclarecidas pelo painel de convidados, um momento que permitiu a quem assistiu levar insights e dicas valiosas para a prática das Relações Públicas.
Texto: Tomás dos Santos Gonçalves e Rodrigo dos Santos (estudantes finalistas da Licenciatura em RPCE) e editado pelo Serviço de Comunicação (Gabcom)
Fotografias: Bright Lisbon Agency