Publicado: 13.11.2013
Publicado: 13/11/2013
A ESCS foi palco da conferência internacional “O Regresso do Jornalismo”. Entre os dias 8 e 10 de novembro, académicos e profissionais reuniram-se para discutir o futuro do jornalismo.
[Fotografia] Catarina Fernandes Martins e Paulo Moura foram os mentores desta conferência.
A pergunta O grande jornalismo morreu só porque inventámos a Internet? foi o fio que conduziu a discussão sobre o futuro da grande reportagem na era digital. “Foram três dias extraordinariamente intensos e estimulantes”, conta Catarina Fernandes Martins, coordenadora e mentora da conferência. A plateia composta por estudantes, docentes e jornalistas, nacionais e estrangeiros, respondeu ao apelo da conferência e o objetivo parece ter sido cumprido: “provocar o debate sobre o grande jornalismo na Internet”. Para a jornalista, o título do encontro advém dessa controvérsia. “Algumas redações parecem ter esquecido que o bom jornalismo existe independentemente das técnicas que se usam”, explica.
[Fotografia] Paulo Moura encara a causa do “grande jornalismo como uma cruzada universal”.
Sessão de abertura
No arranque da conferência, as honras da casa estiveram a cargo do Presidente da ESCS. O Prof. Doutor Jorge Veríssimo congratulou a iniciativa, enfatizando o seu contributo “para a reflexão do jornalismo do futuro”. Sendo a Escola uma referência no ensino da Comunicação em Portugal, “desejo que a conferência nos dê pistas sobre que formação deve ter um jornalista do futuro”, afirmou. Catarina reitera a importância de a ESCS ter aberto as portas a este fórum, dado que “muitos dos novos jornalistas que se estão a afirmar no meio formaram-se na ESCS”. Paulo Moura, mentor da conferência, afirmou que “o jornalismo sério é um bem escasso” e “frágil por natureza”. O jornalista e docente da ESCS acrescentou que, por esse motivo, “é preciso defendê-lo”.
Para o norte-americano Mark Kramer, diretor da conferência The Power of Narrative – na qual Paulo Moura e Catarina Fernandes Martins se inspiraram para trazer “O Regresso do Jornalismo” à ESCS –, “as novas tecnologias permitem, cada vez mais, ter uma experiência de leitura muito agradável”. Kramer, uma referência incontornável quando se aborda a temática do jornalismo narrativo, defende há “uma tremenda oportunidade para a iniciativa individual” de pessoas que contam as histórias (os storytellers).
[Fotografia] A “melhor arma” de um jornalista “é o exclusivo”, afirmou Amy O’Leary.
Amy O’Leary, umas das presenças mais aguardadas de toda a conferência, marcou presença na abertura dos trabalhos com uma reflexão sobre As Novas Fronteiras do Jornalismo Online. Empunhando um jornal, a repórter do The New York Times deixou claro que “não quero abandonar isto [o jornal]”. O’Leary referiu que “o texto continua a ser um dos melhores meios para contar um história” mas que é necessário refletir sobre as “novas maneiras de pensar sobre a escrita”. Para esta mudança de paradigma, contribuem, em grande medida, os dispositivos móveis, como smartphones e tablets, que têm alterado os hábitos de leitura. Por fim, a jornalista multimédia deixou no ar a pergunta Qual é a nossa mais-valia? e lançou uma pista: “temos mais liberdade para contarmos aquilo que é único, graças ao digital”.