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Publicado: 29.04.2016

A ESCS acolheu a cerimónia de entrega do 18.º Prémio “Jornalismo Contra a Indiferença”, promovido pela AMI. A escsiana Vera Moutinho foi distinguida com uma Menção Honrosa.

No passado dia 26 de abril, a Escola acolheu a 18.ª edição do Prémio AMI - Jornalismo Contra a Indiferença, um evento promido pela Assistência Médica Internacional (AMI), com o intuito de premiar trabalhos de relevo na área do jornalismo humanitário. O evento contou, também, com um debate moderado pela Prof.ª Doutora Fernanda Bonacho, Diretora do curso de Licenciatura em Jornalismo, e com intervenções dos jornalistas Catarina Gomes (Público), Leonídeo Paulo Ferreira (Diário de Notícias), Raquel Abecasis (Renascença) e Ricardo Alexandre (RTP).

O Prof. Doutor Jorge Veríssimo, Presidente da ESCS, e o Doutor Fernando Nobre, Presidente da Fundação AMI, abriram a sessão.

Na sessão de abertura, o Prof. Doutor Jorge Veríssimo demonstrou o orgulho em ter a Escola como parceira deste evento e agradeceu o reconhecimento por parte da AMI. “Tem, nesta casa, um parceiro disponível para participar em projetos, no âmbito da Comunicação”, destacou o Presidente da ESCS, dirigindo-se a Fernando Nobre, Presidente da Fundação AMI, que agradeceu à Escola por acolher a iniciativa pelo segundo ano consecutivo.

Mesa Redonda “As Agendas do Jornalismo”

Ao longo do debate, foram abordadas diversas questões em torno do Jornalismo. Raquel Abecasis começou por falar sobre a mudança do interesse do público, que fez com que os assuntos, nomeadamente, os internacionais, passassem a ser menos aprofundados, o que permitiu aos jornalistas não terem de viajar até ao local dos acontecimentos. Leonídeo Paulo Ferreira acrescentou que, antes, havia um maior investimento no jornalismo internacional, uma vez que, hoje em dia, com a informação online, as “pessoas mais interessadas” têm acesso facilitado às notícias e não estão dependentes dos jornais portugueses. Catarina Gomes sublinhou o facto de muitas histórias não serem contadas ou serem “pobres” na abordagem por não haver financiamento e pelo avanço do formato online que, ao tornar as notícias mais acessíveis, faz com que os leitores deixem de comprar jornais. Ricardo Alexandre corroborou os argumentos dos colegas, referindo que a tecnologia, apesar de trazer “extraordinárias vantagens”, também tem originado comodismo no seio jornalístico.

A Prof.ª Doutora Fernanda Bonacho moderou um painel de quatro jornalistas.

A diferença de critérios de relevância entre os órgãos de comunicação social e os leitores foi outro ponto abordado. Leonídio Paulo Ferreira destacou que “as redes sociais têm boas histórias que, por vezes, até são mentira mas, mesmo assim, tornam-se relevantes”. Catarina Gomes acrescentou que “existe uma espécie de ditadura do refresh”, que faz com que as pessoas queiram, constantemente, novidades, mesmo que não sejam verídicas. Raquel Abecasis enalteceu a necessidade de “reencontrar aquilo que é a [sua] profissão” visto que, atualmente, o jornalismo é “esmagado pelas fontes”, como os press releases e outros pedidos de divulgação, e cabe aos jornalistas saber fazer a seleção. “Temos de nos preocupar em dar tudo e dar o que interessa”, explicou. Catarina Gomes concluiu esta abordagem, referindo que os Prémios AMI “são muito importantes porque vão contra a corrente e legitimam o trabalho do jornalista”.

Da esq. para a dir.: Fernanda Bonacho, Ricardo Alexandre, Leonídeo Paulo Ferreira, Catarina Gomes e Raquel Abecasis.

Quando questionados pela Prof.ª Doutora Fernanda Bonacho em relação aos conselhos que poderiam dar aos alunos e futuros jornalistas, os profissionais foram unânimes. O jornalismo continua a ser “uma profissão fascinante”, referiu Leonídio Paulo Ferreira, uma vez que o dia-a-dia é sempre diferente. No entanto, por ser, cada vez mais, multimédia, a academia deve ter a preocupação de dirigir o ensino nesse sentido. Raquel Abecasis finalizou, dizendo aos alunos para “não desistirem de fazer aquilo de que gostam” e que “a juventude, numa redação, faz muita falta”.

Entrega do Prémio “Jornalismo Contra a Indiferença” 2015

Antes da entrega de prémios, o Doutor José Marques Vidal, Juiz Conselheiro, foi convidado pelo Presidente da Fundação AMI a proferir algumas palavras. Marques Vidal confessou que, durante a II Guerra Mundial, “olhava para o jornalismo do ponto de vista da heroicidade” e o seu sonho era ser repórter de Guerra, graças a Fernando Pessa, jornalista da BBC. O magistrado defendeu que “o jornalismo de causas exige, ainda mais, a verdade do que qualquer outro” e colmatou referindo que as reportagens premiadas “são de um grande grau de sensibilidade”, convidando ao “combate contra a indiferença”.

O Doutor José Marques Vidal, Juiz Conselheiro, foi convidado por Fernando Nobre, Presidente da AMI, a proferir algumas palavras.

Na 18.ª edição do Prémio AMI - Jornalismo Contra a Indiferença, foram distinguidos cinco trabalhos, dos 72 que concorreram. O júri, constituído pelos jornalistas Catarina Gomes e Pedro Miguel Costa (vencedores da edição anterior), pela Prof.ª Doutora Maria José Mata, representante da ESCS, por Francisco Lemos, Amigo da AMI, e pelo Doutor Fernando Nobre, Presidente da Fundação AMI, atribuiu dois primeiros lugares e três menções honrosas.

O primeiro lugar (ex-aequo), foi dividido por Sofia Arêde, jornalista da SIC, com o trabalho “Os Sobreviventes”, e Sofia da Palma Rodrigues, do Divergente, com a peça “A Juventude em Jogo”.

Para além do prémio, foram atribuídas três Menções Honrosas: Ana Sofia Fonseca, da SIC, com a reportagem “O Amor não Mata”; Catarina Canelas, da TVI, com “Um Lar Debaixo da Ponte”; e a escsiana Vera Moutinho, do Público, com “O que é isso de Vida Independente?”.

A escsiana Vera Moutinho foi distinguida com uma Menção Honrosa.

Vera Moutinho é licenciada em Jornalismo, pela ESCS. A ex-aluna referiu a honra que teve em receber tal distinção na “Escola que foi, e que ainda é [sua]”. O trabalho fala sobre a história de Eduardo que, após um acidente de carro, em 1991, ficou tetraplégico, tornando-se ativista, ao lutar por “uma vida independente, em Portugal”, até ao momento em que decidiu que a sua fragilidade não o permitia viver sozinho e internou-se num lar. A escsiana referiu que, para elaborar a reportagem, acompanhou, durante sete meses, Eduardo que, mais do que ela, ficou muito contente com este prémio e, isso, “foi o mais importante”.

Os vencedores do Prémio AMI – Jornalismo Contra a Indiferença com o júri.