Publicado: 09.05.2023
Este Perfil (texto e fotografias) foi realizado pelos estudantes Hugo Oliveira, Leonardo Costa e Sofia Santos, no âmbito da unidade curricular de Laboratório de Jornalismo II, do 1.º ano do curso de Licenciatura em Jornalismo.
Há quase 30 anos, Andreia Vale integrou a primeira turma de Jornalismo, no ano letivo 1996/97, e atualmente é pivô na TVI. A entrada na ESCS foi inesperada, mas depressa descobriu que estava no “lugar certo à hora certa”.
Desde cedo que Andreia Vale percebeu que o seu caminho passaria pela Comunicação. Talvez por ser muito sociável, por falar pelos cotovelos ou até mesmo pelo seu natural à-vontade perante as câmaras. Antes de chegar à ESCS, ingressou no curso de Relações Internacionais, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP), contudo, rapidamente chegou à conclusão de que aquele não era o caminho certo. Viu, na 2.ª Fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES), o momento perfeito para enveredar pelo mundo da Comunicação e não quis deixar passar a oportunidade.
O curso de Jornalismo na ESCS era tudo aquilo que Andreia procurava. No entanto, o facto de, na altura, ser um bacharelado provocou algumas dúvidas, principalmente na sua mãe. A pivô confessa que a sua entrada para a Escola foi impulsionada pelo apoio essencial do advogado para quem a sua mãe trabalhava, que a ajudou a convencer a deixar a filha a seguir o seu sonho. “Ele disse: ‘Ó Fatinha, deixe lá a miúda fazer o bacharelado, se faz favor!’. Então, a minha mãe aí anuiu. Na segunda fase, concorri para Jornalismo e entrei”, recorda.
A experiência na ESCS
Nascida em Lisboa, foi, no entanto, em Faro que viveu toda a infância e adolescência. Andreia Vale considera que talvez por isso não tenha tido uma vida académica muito preenchida, por ser estudante deslocada. Não participou nem na Tuna nem nas atividades de integração. Contudo, nos penúltimo e último anos da sua passagem pela ESCS, experienciou aquilo que considera ser verdadeiramente a vida académica, quando se envolveu na organização do Congresso do FEJS (Forum For European Journalism Students). Esta conferência, realizada tanto em Lisboa como em Santiago de Compostela, juntou vários estudantes de Jornalismo europeus. A preparação ficou a cargo dos alunos da ESCS, da Universidade Católica Portuguesa e da Universidade de Santiago de Compostela. A escsiana, para além de ter adorado colaborar no projeto, recorda ainda as aventuras que viveu: “Tive de ir ter com uma marca de automóveis e arranjar - e arranjei - carros para serem as viaturas oficiais do Fórum. Portanto, conseguimos carros de borla e colocámos uns autocolantes de lado a dizer FEJS para as viagens. E pronto, lá fomos nós de Fiat Punto amarelo para Santiago de Compostela fazer o congresso.”
As instalações novas, os métodos de ensino modernos e os ótimos equipamentos da Escola conquistaram a atual pivô da TVI. Para além destas vantagens, a componente prática da ESCS permitiu-lhe “pôr a mão na massa”, ou seja, ajudou-a a preparar-se para o que seria verdadeiramente o mercado de trabalho. Foi em Ateliê de Jornalismo Televisivo que, pelo seu jeito natural de lidar com as câmaras, se destacou perante José Alberto Carvalho. “A câmara gosta da Andreia!”, foram estas as palavras do seu então professor que a jornalista recorda até aos dias de hoje. “A ESCS foi a minha antecâmara para a televisão”, sublinha.
SIC Notícias: o primeiro passo no mundo da televisão
O desenrolar da passagem de Andreia pela SIC foi relativamente rápido. Quando a jornalista chegou à estação televisiva, em meados de 2000, decorriam os preparativos para o lançamento do canal SIC Notícias, que teve a sua primeira emissão em janeiro de 2001. O primeiro contacto da escsiana com a SIC foi através de José Alberto Carvalho, que lhe abriu as portas para o mundo da televisão ao sugerir o seu nome para um estágio na estação de Carnaxide, que agora funciona em Paço de Arcos. “Tive a sorte de o José Alberto Carvalho na altura ser meu professor aqui, na ESCS, e de me ter destacado em Ateliê de Jornalismo Televisivo”, considera.
Meses depois de começar o estágio, no qual adquiriu a verdadeira experiência enquanto jornalista, a jovem Andreia realizou a primeira formação para pivô ao lado de grandes personalidades do jornalismo português. A estreia aconteceu nas madrugadas de fim de semana do canal de notícias. A ideia de ir para o ar apanhou Andreia de surpresa. Num curto espaço de tempo, a jovem jornalista passou para a frente das câmaras, de onde não saiu até aos dias de hoje. Desde então, já passou pela CMTV e, atualmente, é pivô na TVI.
20 anos de Jornalismo
Em tantos anos de Jornalismo, torna-se já difícil quantificar as notícias que apresentou. Para Andreia, o momento alto dos últimos 20 anos foi a morte da Rainha Isabel II - dia em que foi rosto da emissão especial da TVI que interrompeu a programação habitual para dar conta da morte da monarca britânica e na qual apresentou o principal jornal da estação ao lado de José Alberto Carvalho. “Nunca tinha feito absolutamente nada com ele e fiquei toda inchada, toda orgulhosa”, revela, entre risos.
Com um conflito armado no coração da Europa, a jornalista admite que a notícia que mais gostaria de dar agora seria mesmo o fim da Guerra na Ucrânia: “É de uma violência atroz. Deveria acabar imediatamente. Nem devia ter começado, como é óbvio.”
A curiosidade escreveu um livro
Para além do Jornalismo, Andreia Vale aventurou-se, em 2015, na escrita. A paixão, o interesse pela origem e a história das palavras e expressões populares portuguesas levaram-na a escrever três livros: Puxar a Brasa à Nossa Sardinha, Da Boca para Fora e Cruz Credo, Bate na Madeira. Segundo a jornalista, “muitas vezes, as expressões coloquiais são utilizadas sem se procurar perceber de onde é que elas surgiram”. Desta forma, o objetivo da redação destes três livros era, não só matar a curiosidade de Andreia, mas também desvendar a história por detrás daqueles dizeres que todos utilizamos. A também escritora confessa que a curiosidade pelas palavras veio da própria curiosidade enquanto jornalista. “Isto acaba por estar tudo ligado”, acrescenta.
Uma jornalista em apuramento
Mesmo depois de tantos anos a trabalhar na área do Jornalismo, Andreia Vale considera que ainda há muito para fazer. “Ao fim de 20 anos, ainda estou em processo de apuramento”, conclui. Ocupando um lugar muito especial no seu coração, a ESCS foi a rampa de lançamento para a antiga aluna, que, na Escola, deu os primeiros passos daquela que seria a sua futura carreira profissional enquanto pivô.
Por fim, desafiámos Andreia Vale a responder a uma espécie de Questionário de Proust:
Um objeto essencial para o teu dia a dia.
Óculos de Sol.
Uma cidade ou um país.
Madeira.
Uma música ou uma banda.
The Beatles.
Um filme ou um realizador.
Os Fabelmans, de Steven Spielberg.
Um livro ou um escritor.
Terra Americana, de Jeanine Cummins.
Uma série.
This is Us.
Uma referência profissional.
Seria uma mistura de muitas pessoas, mas só podendo escolher uma: José Alberto de Carvalho.
Quando for grande, quero ser.
Reformada numa casinha, com uma horta e cães. Moro num apartamento e gostava de ter cães, mas só vou ter cães quando tiver essa casinha e for reformada.
No vídeo abaixo, Andreia Vale fala sobre as mais-valias de ter estudado na ESCS e como a formação académica contribuiu para o seu percurso:
Texto e fotografias de Andreia Vale na ESCS de Hugo Oliveira, Leonardo Costa e Sofia Santos, estudantes do 1.º ano da Licenciatura em Jornalismo (no âmbito da unidade curricular de Laboratório de Jornalismo II).
Restantes imagens gentilmente cedidas por Andreia Vale.
