Publicado: 25.10.2019
PERFIL JORN: Tiago Varzim
Após terminar a licenciatura, Tiago Varzim especializou-se na área de Economia, sendo, atualmente, jornalista no Jornal de Negócios.
Quando se candidatou ao Ensino Superior, Tiago Varzim deu preferência à ESCS, por ser a instituição que lhe poderia dar “as ferramentas necessárias” para vir a ser jornalista. Mais tarde, quando terminou a licenciatura em Jornalismo, especializou-se na área de Economia, na qual tem trabalhado desde então. O escsiano fez parte da equipa fundadora do jornal digital ECO e colabora, hoje, no Jornal de Negócios.
A escolha acertada
Quando se candidatou à ESCS, em 2013, Tiago fê-lo com algum receio, devido ao “preconceito” que, em parte, ainda existia em relação ao ensino politécnico. Contudo, o plano de estudos, as atividades extracurriculares e as “boas referências” dadas por pessoas conhecidas fizeram com que desse o passo e arriscasse. No final, assegura que fez “a escolha acertada”.
Das aulas, destaca a componente prática, “importante” para quem quer ser jornalista. “A maior parte dos professores está a trabalhar ao mesmo tempo [que leciona] e, portanto, tem a experiência do dia-a-dia”, conta. Estes docentes trabalharam com os alunos num “ambiente aproximado” ao de uma redação, preparando-os para o que iria ser o seu “trabalho no futuro”. O escsiano destaca o Prof. Carlos Andrade (na área da Rádio, da Televisão e ao nível da técnica de entrevista), o Prof. Francisco Sena Santos (Rádio) e as então professoras Maria João Amorim (no que diz respeito à escrita jornalística) e Daniela Santiago (com técnicas de televisão e apresentação). Comparando com os atuais colegas de carreira, provenientes de outras instituições, Tiago considera que esta aproximação ao mercado de trabalho é, para os alunos, uma “vantagem”.
Experimentar nas extracurriculares
Na Escola, Tiago fez “muita coisa”, no que diz respeito a atividades extracurriculares. Contudo, afirma que as que tiveram maior importância no seu percurso foram a ESCS FM e o E2. Na rádio online da ESCS, lembra-se de conduzir, logo nos primeiros dias, um noticiário relacionado com o Orçamento do Estado, um tema com o qual, na altura, não estava muito familiarizado e que, hoje, faz “de forma muito profunda”, tendo em conta a área em que trabalha. Já no E2, esteve na equipa de Produção, fez algumas entrevistas no Panorâmica e teve, até, a sua própria rubrica, o Draft. O antigo estudante recorda, em particular, a entrevista a Nuno Crato, o então Ministro da Educação e Ciência. “Foi uma coisa relâmpago, porque eu já estava a tentar entrevistá-lo há algum tempo, sem sucesso. E, no próprio dia, de manhã, ligaram-me a dizer que [ele] estava disponível para uma entrevista à tarde”, conta. O escsiano defende que as atividades extracurriculares são “muito importantes”, no sentido em que preparam os estudantes para a “pressão” do mercado de trabalho.
Da Cultura à Economia
Tiago conta que, quando se mudou de Barcelos, a sua terra natal, para Lisboa, com o objetivo de ser jornalista, achou que “tinha de apostar tudo e fazer o máximo possível para o conseguir”. Por isso, enquanto estudava, decidiu começar logo a colaborar com algumas publicações. Ainda antes de entrar na ESCS, começou no Espalha-Factos. O escsiano considera que foi uma primeira experiência "mais fácil", por se tratar de um projeto cultural. Já na Escola, teve acesso a um estágio, através do Gabinete de Estágios e Integração na Vida Profissional, na Arte Sonora.
Entretanto, na ESCS, assistiu a um colóquio, com o jornalista José Gomes Ferreira, que, dada a crise económica que assolava o país, destacou a importância dos jornalistas ligados à Economia no panorama nacional, o que levou o então estudante a pensar em enveredar por esta vertente. Enquanto terminava o curso, em 2016, o escsiano soube que estava a ser criado um projeto de raiz na área, o ECO. “Fui à conta do Twitter [do responsável pelo jornal] e disse-lhe que gostava de trabalhar com eles”. A proposta foi aceite, foi à entrevista e ficou com o lugar. Na redação, teve contacto com colegas mais velhos que lhe deram a formação de que precisava, começando a desenvolver a sua área de especialização, na qual trabalha hoje em dia: Finanças Públicas e Macroeconomia. “Como ainda não estávamos no ar mas já estávamos a testar tudo, pude trabalhar sem a pressão de estar visível para toda a gente e consegui experimentar e errar, mostrar os textos e ter comentários”, explica.
Em 2018, o escsiano recebeu uma proposta por parte do Grupo Cofina para integrar o Jornal de Negócios. Ao mesmo tempo, de forma a ter alguma “formação mais teórica” na função que desempenha, inscreveu-se num mestrado em Economia e Políticas Públicas, que concilia com o trabalho. Tiago colabora “mais diretamente com a equipa do online”, embora escreva, por vezes, também para o papel. “Uma coisa boa é que o dia-a-dia é sempre diferente”, refere. “Tanto pode haver algum evento já marcado, como a apresentação das previsões económicas de alguma instituição ou alguma conferência de imprensa do governo”, entre outros acontecimentos, conta.
Diversidade de experiências
Tiago acha que um jornalista deve ser curioso e interessado e sente que a ESCS “de certa forma, cultivou essas características em várias áreas”. Para tal, contribuiu o acesso a “experiências diversas”, tanto nas aulas como nas atividades extracurriculares. O escsiano defende que a licenciatura em Jornalismo é a melhor opção para quem quer seguir uma carreira na área, “pela componente prática do curso e pelos complementos que os núcleos nos dão. Quem quiser realmente ser jornalista, tem, aqui, as ferramentas para isso”, conclui.
Por fim, desafiámos Tiago Varzim a responder a uma espécie de Questionário de Proust:
Um objeto essencial para o teu dia-a-dia.
Telemóvel.
Uma cidade ou um país.
Lisboa.
Uma música ou uma banda.
LCD Soundsystem.
Um filme ou um realizador.
Wes Anderson e Woody Allen.
Um livro ou em escritor.
Afonso Cruz.
Uma série.
Mais relacionada com Jornalismo e com Política, eu diria House of Cards e The Newsroom.
Papel ou digital.
Digital.
Redação ou exterior.
Toda a gente deve escolher exterior. Embora, a maior parte das vezes, estejamos na redação.
Uma referência profissional.
Aqui, houve um professor em particular com quem gostei de ter aulas: o Prof. Carlos Andrade. Principalmente, ao nível das técnicas de entrevista e da forma de ensino.
No meu percurso profissional, quando cheguei ao ECO, fui alocado a uma jornalista sénior, a Margarida Peixoto, com quem trabalho, também, no Jornal de Negócios. É a pessoa que tem sido mais importante, que me ensinou e que eu, agora, consulto.
Quando for grande, quero ser.
O jornalismo é uma peça fundamental da democracia. Quero tentar contribuir para que o modelo de negócio seja viável e na adaptação que os jornais já estão a fazer. Vejo-me, também, a trabalhar no estrangeiro e gostava de ter uma experiência desse tipo, como correspondente ou algo do género.
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