Publicado: 09.09.2016
Da parceria ESCS/APAV, surgiram duas campanhas de sensibilização da autoria criativa de dois grupos de alunos de Publicidade e Marketing.
“Violência doméstica contra os homens” e “Familiares e amigos de vítimas de homicídio” foram os motes das campanhas de sensibilização desenvolvidas pelos alunos do 3.º ano do curso de licenciatura em Publicidade e Marketing (PM) - vertente de Publicidade, no âmbito das disciplinas de Ateliê de Investigação Aplicado à Publicidade e Ateliê de Agência, para a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima).
O processo
Os dois briefings foram lançados pela APAV, no 5.º semestre, na disciplina de Ateliê de Investigação Aplicado à Publicidade, em que os alunos, após serem divididos por grupos (e briefings), fizeram todo o trabalho de pesquisa que uma campanha publicitária requere. Em Ateliê de Agência, no 6.º semestre, os escsianos passaram pelas etapas de desenvolvimento de um projeto desta natureza, desde o planeamento estratégico à apresentação da campanha ao cliente, tendo em conta todas as condicionantes de meios e orçamento. O Prof. João Barros, um dos docentes desta disciplina, explica que “o objetivo da cadeira é reproduzir, de modo real, o trabalho de uma agência”. No final do ano letivo, a APAV escolheu as campanhas vencedoras que serão, agora, difundidas nos seus meios de comunicação.
As campanhas destacadas
A primeira campanha, já lançada, foi desenvolvida pelos alunos Alexandre Freitas, Irene Nita, Joana Oliveira, João Humberto e Margarida Marques. Margarida explica que o desafio passava não só pela abordagem a um tema menos conhecido como, também, pelo “facto de os homens não denunciarem, na grande maioria dos casos, a situação de violência de que são vítimas”. Durante o trabalho de pesquisa, o grupo chegou à conclusão de que a falta de informação se deve à “vergonha que continua a impor às vítimas masculinas este sofrimento silencioso” e ao facto de a violência por parte das mulheres ser, “essencialmente, de natureza psicológica”.
Os alunos procuraram, então, “dar uma imagem à vergonha”, através “de uma ressonância magnética de um cérebro humano com a área associada à vergonha destacada a vermelho, cor que normalmente remete para uma ideia de dor, lesão [e] desconforto”, e criar uma “dinâmica contraditória”, de forma a conferir à campanha “maior profundidade”: “físico vs. psicológico; visível vs. invisível”.
A campanha desenvolvida por Carolina Higgs, Daniela Torrinha, Inês Brandão, Luís Perdigão e Guilherme Carvalho será brevemente lançada e trata a questão dos familiares e amigos de vítimas de homicídios. Inês refere que a preocupação do grupo passou por criar uma peça que “não ferisse suscetibilidades e, ao mesmo tempo, criasse impacto”. A partir das frases “Parte de nós parte com quem parte” e “Se lhe tiraram uma vida, não deixe que tirem a sua”, conceberam scripts para TV e rádio, trípticos, mupis, ações de rua, posts para as redes sociais, entre outras peças. O conceito criativo parte da “ideia do traço a giz delineado no chão que é feito após o assassinato de alguém” e a campanha foca-se numa pessoa inserida num espaço onde tudo é desenhado a giz, “como se tudo tivesse morrido”. “O ponto-chave é não deixar que lhe tirem a vida também”, explica Inês.
O Prof. João Barros encara a distinção destes trabalhos como uma “massagem grande no ego”. O docente demonstra grande satisfação ao ver os seus alunos “voarem muito alto”, como um reconhecimento do trabalho que desenvolve com eles no decorrer das disciplinas. “O objetivo de um aluno deve ser, sempre, suplantar o seu mestre”, conclui.
Protocolo ESCS/APAV
A parceria formalizada entre a ESCS e a APAV tem como objetivo o desenvolvimento de investigações e de outras ações que sejam do interesse da associação e se enquadrem no objeto de estudo da Escola. A realização das campanhas de sensibilização realizadas pelos alunos de PM foi formalizada numa adenda a este protocolo.
Carolina Varela, da unidade de Comunicação e Marketing da APAV, destaca que as campanhas foram desenvolvidas, pelos alunos, “de forma profissional e com uma qualidade assinalável". Carolina sublinha, ainda, a importância deste tipo de parcerias para a comunicação desenvolvida por organizações como a APAV e para a oportunidade que os estudantes têm de trabalhar temas com uma missão social.