Publicado: 06.05.2016
Na oitava edição do Prémio Dignitas, foram galardoados escsianos nas categorias de Jornalismo Digital e Jornalismo Universitário.
A cerimónia de entrega do Prémio Dignitas aconteceu, no passado dia 3 de maio, no Grande Auditório do Edíficio Novo da Assembleia de República, em Lisboa. A iniciativa da Associação Portuguesa de Deficientes (APD), em parceria com a ESCS e a MSD (Merck, Sharp and Dohme), visa premiar trabalhos jornalísticos que tenham a temática da deficiência como tema central, promovendo a inclusão social e a dignidade.
Entre os jornalistas premiados, estão a ex-aluna Vera Moutinho, na categoria de Jornalismo Digital, e um grupo de cinco alunos do 3.º ano do curso de licenciatura em Jornalismo (Tomás Albino Gomes, Ana Luísa Alves, João Francisco Gomes, Rita Fernandes e Rúben Tiago Pereira), na categoria de Jornalismo Universitário.
Debate
Antes da entrega de prémios, Ana Sezudo, Presidente da APD, moderou um debate sobre o tratamento da temática da deficiência nos órgãos de comunicação social e convidou a juntarem-se a ela os deputados Jorge Falcato (Bloco de Esquerda), Sónia Colaço (Os Verdes), Diana Ferreira (PCP) e a escsiana Naíde Müller (PAN).
Naíde Müller referiu uma mudança na abordagem ao tema, por parte da comunicação social, que começa a “tratar a diferença do ponto de vista da cooperação e não da exclusão”. Naíde salientou, no entanto, que “os media funcionam numa lógica de mercado”, tendo tendência para oferecer o que o público quer. “O que é que nós, [enquanto] consumidores de notícias, queremos ler? Esta é uma reflexão que pode ficar para futuros trabalhos”, concluiu.
Jorge Falcato partilhou a opinião de Naíde em como o paradigma está a mudar, frisando que, há uns anos, o tema só era abordado através do “deficiente herói ou do deficiente coitadinho”. Falcato sublinhou a necessidade de haver uma “banalização da deficiência” para que as pessoas comecem a ser tratadas como pessoas “normais” e não apenas numa perspetiva de solidariedade.
Por sua vez, Sónia Colaço frisou que “a sociedade é a limitação [do jornalismo] porque não pensa a diferença” e que “é necessário trazer os casos para a rua”. A deputada enalteceu o Prémio Dignitas, como forma de colocar os cidadãos a questionar sobre o tema.
Por último, Diana Ferreira salientou que “uma sociedade inclusiva implica medidas concretas”, no que diz respeito ao acesso a questões importantes como o trabalho, a saúde ou a educação. “Persistem as barreiras físicas e arquitetónicas, mas também as de acesso aos direitos”, rematou.
Entrega de prémios
O momento que antecedeu a entrega dos prémios contou com uma performance do projeto Mãos que Cantam, um coro composto por pessoas surdas, que utilizam a Língua Gestual e a Música nas suas atuações, e com o discursos dos representantes das diversas partes da parceria.
A Dr.ª Ana Sofia Antunes, Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, agradeceu aos media que, ano após ano, tentam integrar a temática na sua agenda e enalteceu o “trabalho que dá voz àqueles que não têm voz”.
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral da APD, Dr. Humberto Santos, dirigiu-se aos alunos da ESCS, que compunham grande parte da plateia, sublinhando que “muito do trabalho que [se tem] feito, nestes anos, é dirigido a [eles], que serão os futuros agentes de comunicação”.
O Dr. Óscar Gaspar, Diretor de External Affairs da MSD, ressalvou que “não é admissível que as pessoas com deficiência estejam nas notícias apenas por serem heróis ou vítimas” e que o Prémio Dignitas é uma excelente lição de jornalismo sobre o que pode ser feito.
Por fim, o Prof. Doutor Jorge Veríssimo salientou a importância destes trabalhos, que fazem as pessoas se questionarem sobre “o que é ser uma pessoa portadora de deficiência numa sociedade altamente individualista”. O Presidente da ESCS referiu que a parceria com esta iniciativa reflete aquele que é um dos pilares da Escola: “incutir sentido de cidadania e de participação social nos alunos”.
Na oitava edição do Prémio Dignitas, foram atribuídos cinco prémios e uma menção honrosa. Entre os jurados do concurso, estavam a Prof.ª Doutora Anabela de Sousa Lopes, Vice-Presidente da ESCS, em representação da Escola, e o Prof. Doutor António Belo, Vice-Presidente do IPL e docente na ESCS, em representação da Direção da Aministia Internacional Portugal. O Prémio Dignitas 2015, este ano, pertence à categoria Televisão e foi entregue a Miriam Alves, da SIC, pela reportagem “Impossível é só um exagero para difícil”. Na categoria Imprensa, o Presidente da ESCS entregou o troféu a Cláudia Pinto, jornalista do Notícias Magazine/Diário de Notícias, pela reportagem “Semear a mudança”. O Prémio Dignitas Rádio foi entregue a Pedro Mesquita, da Rádio Renascença, pela peça “O extraordinário mundo de Irina”. Mafalda Gameiro, da RTP, recebeu uma Menção Honrosa, na categoria de Televisão, pelo trabalho “Corpo Sentido”.
Este ano, dois dos prémios foram entregues a escsianos. Vera Moutinho é licenciada em Jornalismo e jornalista multimédia no Público. Venceu na categoria de Jornalismo Digital, com a reportagem “O que é isso de vida independente?”. A ex-aluna que, na semana anterior, tinha sido distinguida com uma Menção Honrosa pelo mesmo trabalho no Prémio AMI – Jornalismo contra a Indiferença, explicou que quis contar a história de Eduardo, que ficou tetraplégico após um acidente de carro, através dos pormenores do seu dia-a-dia. Por sua vez, Tomás Albino Gomes, recebeu o Prémio Dignitas Jornalismo Universitário em nome do seu grupo, do qual faziam, também, parte Ana Luísa Alves, João Francisco Gomes, Rita Fernandes e Rúben Tiago Pereira, pelo trabalho “A genética do amor”. Ao receberem o prémio, os alunos, que estão no 3.º ano do curso de licenciatura em Jornalismo, explicaram que a reportagem foi realizada no âmbito da disciplina de Ateliê de Jornalismo Televisivo II. Ana Luísa fez um agradecimento especial à ESCS, destacando que “se não [tivessem] uma base tão boa por detrás, talvez não [conseguíssem] fazer este trabalho, desta maneira”.