Ética no jornalismo desportivo foi o tema em debate na ESCS. Este encontro teve como objetivo promover a reflexão sobre os valores éticos e a verdade desportiva no âmbito do jornalismo do desporto.

Realizou-se no dia 21 de novembro, no Auditório Vítor Macieira, o Encontro: A Ética no Jornalismo Desportivo. Esta iniciativa, organizada pela ESCS, pelo CNID (Associação dos Jornalistas de Desporto) e pelo PNED (Plano Nacional de Ética no Desporto), contou com a presença de várias individualidades ligadas ao jornalismo desportivo e ao desporto.

[Fotografia] Da esq. para a dir: José Lima, Augusto Baganha, António Florêncio e Jorge Veríssimo.

O Presidente da ESCS, Jorge Veríssimo, iniciou a sessão de abertura dizendo que “vivemos numa sociedade marcada pelo espírito competitivo, em que os valores morais e da ética são esquecidos”. De seguida, o Presidente do PNED, José Lima, referiu que “que os jornalistas desportivos são fundamentais na promoção de bons hábitos, que passam pela forma de dar a notícia e saber separar a razão da paixão”. Estiveram ainda presentes António Florêncio, Presidente do CNID, para quem a ética “tem muitas vertentes e não se aplica apenas aos jornalistas”, e Augusto Baganha, Presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude, que “enalteceu a parceria com a ESCS, o CNID e PNED” na abordagem ao tema em debate e mencionou a importância que os “elementos da comunicação social têm na transmissão de valores e princípios de ética desportiva”.

“Para ter ética é preciso ter muita coragem”

O primeiro painel da tarde abordou o tema “desafios da ética no jornalismo desportivo” e teve como moderador Oscar Mascarenhas, professor na ESCS e Provedor do Leitor do Diário de Notícias. Em resposta a José Lima e à criação do PNED, Oscar Mascarenhas reconhece que “é um trabalho louvável”, mas que não irá resultar “enquanto existir falta de valores por parte de comentadores desportivos desleais”. “A mediatização do desporto tem aspetos financeiros associados”, afirmou Sidónio Serpa, professor da Faculdade de Motricidade Humana, e são os jornalistas que têm de escolher entre “servir a sociedade ou os interesses económicos”. Já José Manuel Rosendo, jornalista da Antena 1, defendeu que “a informação é um bem público e não um negócio”, mas muitas vezes, “a ética é sacrificada quando se persegue o objetivo de ser o melhor”. Vítor Serpa, Diretor do jornal “A Bola”, lembrou os presentes que “os meios de comunicação passam por uma crise de sobrevivência” e, por isso, impõe-se uma “ética de sobrevivência” que por vezes obriga a sobrepor os interesses financeiros aos interesses do público”.

[Fotografia] Da esq. para a dir: Jorge Veríssimo, Vicente Ferreira, Alexandre Mestre, Abrantes Mendes e José Lima

A causa desportiva

O segundo painel debateu o tema “a verdade desportiva” no jornalismo. Foi moderado por Carlos Andrade, professor na ESCS e jornalista da SIC Notícias. O investigador e historiador Francisco Pinheiro lembrou Cândido Oliveira, fundador do jornal “A Bola” e lamentou o facto de “a Academia não estar aberta a aceitar o desporto nas investigações históricas do país”. Francisco Pinheiro afirmou ainda que “a questão da verdade desportiva pode ser a grande causa do PNED”. António Magalhães acredita que “apesar das condicionantes, a ética é essencial para se fazer bom jornalismo”. E contra as alegações de que as lutas entre clubes são provocadas pelos jornalistas, o Diretor-Adjunto do “Record” defendeu que os jornais se limitam a contar os factos, “os dirigentes é que devem rever as suas posições éticas”. A encerrar a sessão estiveram Jorge Veríssimo, António Florêncio, Luís Vicente Ferreira, Presidente do IPL, e o Secretário de Estado do Desporto e Juventude, Alexandre Mestre. Este último salientou “a importância de a imprensa desportiva passar a mensagem com total rigor e isenção, necessária para a verdade no desporto” e que o jornalismo desportivo devia de apostar mais em notícias de diversas modalidades.